quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A volta do boêmio cheio de chifre...

-Olha Izaniel, eu resolvi voltar. Falo contigo porque nossa amizade não foi pegada de arapuca e desde que eu me entendo de gente que a gente se conhece, moramos v izinho, ali no Porenquanto, a gente era menino ia tirar caju nas quintas da Primavera, a gente caçava passarinho, pescava no Poti e  eu me lembro que o primeiro baseado foi  tu quem me deu e eu fiquei muito doido, sai cantando pela beira de rio e tu preocupado porque eu tava dando bandeira e o Chico da Socorro era PM enquadrado e podia dar cana na gente, tu te lembra ? Depois a gente descobriu que o soldado fazia era vender o mato para a galera do Morro do Urubu ... Lembra de quanto a gente fazia aquela brincadeira do pau cagado ? A gente se fazia de querer brigar um com o outro, um com um pau na mão e o outro sem nada. Aí um dizia que o outro tava valente porque tava armado de pau. Queria ver  era sem o pau na mão.Aí o outro dizia que por isso não e pedia para um peru que  queria ver a briga segurar o pau.Aí, a gente puxava o pau e o cara ficava com a mão toda cagada e aí a gente corria... A galera ficava se abrindo e o sujeito com a mão cagada. Rapaz, era muito legal, aquele tempo, heim ? Naquele tempo, não tinha moleque assaltando, estuprando e o mais que a gente fazia com as meninas era botar nas coxas... E com o juramento de  não dizer nada para os outros para a menina não ficar falada. Tu sabe que desde aquele tempo que eu olhava para a Luzanira ? Ela era menina velha, só tinha olho, a gente chamava doca dos oião. Mas depois ela foi  se entornando, umas pernas linheiras, nem grossa nem fina, média, média.E a cara ? Rapaz, eu não sei se é porque eu  já era apaixonado  e não sabia mas eu sempre dei valor aquela mulher Dei a maior  força para ela ser a rainha daqui do bairro, depois falei com um viado que escreve no jornal para botar o retrato dela, o cara disse que botava mas eu tinha que sair ali com ele, eu disse que só depois de sair no jornal.Ele  botou no jornal e eu não fui porque nunca gostei de viado, tu sabe disso, só em pensar em  encostar em cara barbado me dá uma gastura desgraçada.. Olha. Izaniel, amigo velho de guerra. Aqui tem o teu amigo  Liberato vencido pelo amor. Eu vou botar , de novo dentro de casa. Não aguento mais olhar as paredes da casa, a cozinha, a cama, a cama, macho vei é que me mata. A cama. Não posso olhar para a cama. Onde eu e Luzanira saculejava tanto. E quando a gente  queria variar ia para rede e os “armador” ficava  fazendo “renco,renco”  e eu passava óleo de cozinha e ela dizia que  não carecia não, deixa o armador roncar...e vamos amar.Ah, amigo velho, só quem sabe o tamanho da dor de uma saudade é quem sofre dela... O povo pode até dizer que depois que eu larguei ela, ele  se amancebou cm o Chico da Oficina mas que  tem isso ? Eu também não sai com uma menina do Pingo Dagua, uma do Chão de Estrela e outra lá no Forró do Anatole ? Elas por elas,mulher  e homem não ficou  só para um não. Aquilo se alarga mas volta e lavou tá novo.A vida é assim mesmo, macho velho.Tu faz essas cara que eu já sei.Mas é isso mesmo. Amigo é para ouvir o outro. Tou te contando porque a gente é  como se fosse dois irmãos  a gente foi vizinho e vai ser de novo.Vamos morar ali, na Vila. Na mesma casa.E eu tou te avisando porque tu é meu amigo.Avisa lá a tua mulher  que ela até  ficou do meu lado quando eu me separei da Luzanira e tu até disse para ela não se meter mas é isso mesmo,amigo é prá essas coisas. E olha aqui este CD que eu comprei lá na praça Rio Branco: Nelson Gonçalves cantando A Volta do Boêmio...

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